terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ciúmes do irmão... como lidar com a situação?

Quando se está esperando um bebê na família é motivo de muita alegria para todos, mas, para muitos se torna também motivo de muita preocupação, principalmente quando já se têm um pequeno em casa. Nem sempre o primogênito aceita esse presente com muita alegria, alguns podem se sentir inseguros, com medo e com isso lhe trazer um sentimento pela qual muitas vezes nem conhecia - o ciúmes.

A demonstração de ciúmes pode variar de criança para criança. É comum ele ter reações agressivas em relação ao bebê, ficar desobediente, ter episódios de choros várias vezes ao dia, fazer birras ou voltar a ter comportamentos pelas quais já assou, como, querer usar a chupeta e mamadeira ou ter que usar fralda novamente. Esses comportamentos têm um único objetivo, que é chamar a atenção da família. A situação, por mais difícil que pareça, é natural e deve ser trabalhada normalmente no dia a dia com muita conversa e compreensão.

A chegada de mais um membro na família pode parecer para ele uma ameaça que significa perder o amor e o carinho de seus pais, pois, até agora todas as atenções era somente para ele e agora terá que dividir as pessoas mais importantes de sua vida.

Antes de ter um irmãozinho, a criança mobilizava toda a família ao seu redor, rindo de suas gracinhas por mais simples que fosse, achando tudo lindo e engraçado. De repente ninguém mais repara em suas brincadeiras e começam a rir e querer saber de um bebê que pra ele até então é um estranho. Não parece ser nada fácil essa situação e para ele realmente não é.

Quando a criança percebe que não está tirando mais sorrisos da família como antes, começa a tentar fazer de tudo para chamar a atenção e então, descobre que quando faz alguma “arte”, ou é desobediente ele finalmente consegue a atenção dos pais, assim, o ato de se jogar no shopping, beliscar o irmão, ou dar um escândalo na frente das visitas acaba cumprindo a função de chamar a atenção, fazendo com que esses comportamentos inadequados tenham uma chance muito
grande de se repetir.

Então como ajudar seu filho?

1º - Não espere a criança ter comportamentos inadequados para prestar atenção nela. Por mais cansativo que seja, divida seu tempo entre os cuidados com o mais novo e dar atenção para o que seu filho mais velho está dizendo.

2º - Envolva a criança com os cuidados com o bebê, respeitando é claro, suas limitações. Peça pequenas coisas para ele, como pegar a fralda na gaveta, limpar a boquinha do irmãozinho, entre outras coisas fáceis de fazer.

3º - Elogie sempre os bons comportamentos. Abrace seu filho e mostre alegria por ter se comportado bem e ter tido demonstrações de carinho com o irmão mais novo.

4º - Quando ele tiver um comportamento inadequado não se exalte, pois quanto mais importância você der, mais fará parecer que aquilo está fazendo sucesso. Tente se mostrar indiferente.

5º - Converse sobre o assunto com seu filho, deixe ele falar sobre como está se sentindo e deixe claro o quanto ele é amado e que existe espaço suficiente no coração de todos pelos dois.

Todos nós já tivemos o sentimento de ciúme, e cabe a nós ajudarmos os pequenos como lhe dar com esse sentimento tão novo e  conflitante. Crie um ambiente de cumplicidade e aconchego, em que a criança se sinta segura e possa participar da novidade com alegria.


Autor: Maria de Fátima Braz Menezes

https://drive.google.com/open?id=0BzyjX7Mgk5QWNVIwRGw4Ump5bUE

Música e autismo: Uma dupla que dá certo!!

O autismo é um universo desconhecido por muitas pessoas. É um transtorno que desafia a ciência, por ser complexo, ter causa desconhecida,diferentes graus que apresentam tanto crianças que não conseguem falar, quanto outras que apresentam habilidades extraordinárias. Geralmente, quando os pais descobrem que tem um filho autista, se sentem bem confusos e temerosos, principalmente em relação ao grau do transtorno.

Os estudos mostram que a rede de neurônios que coordenam no cérebro a comunicação e os contatos sociais, são organizados de uma forma diferente em autistas. O transtorno afeta quase todos os aspectos do comportamento humano: a fala, o interesse por amizades e vida social, os movimentos do corpo, as emoções e interações.

O autismo deve ser diagnosticado precocemente, por meio de testes de comportamentos e questionários respondidos pelos pais. Sabemos que a plasticidade cerebral (estrutura cerebral que é capaz de se modificar de acordo com os estímulos recebidos) é muito intensa dos 0 à 6 anos. Nesta fase inicial, o tratamento apresenta melhores resultados. Depois disso, as deficiências são agravadas, portanto, é essencial buscar ajuda caso a família perceba indícios de autismo no seu filho, que são eles:

Atrasos na fala;

Olhar distante. Muitas vezes não responde quando é chamado pelo nome;

Não interage a estímulos afetivos como um olhar, um abraço ou um sorriso;

Atitude ausente;

Quando bebezinho, não estica os braços para ser tirado do berço. Muitas vezes para chamar atenção prefere fazer movimentos repetitivos;

Brinca de forma sistemática, não lúdica. Ex: Em vez de interagir com o boneco (mundo da imaginação), prefere alinha-lo a outros brinquedos, enfileirando-os;

Na presença de outras crianças se isola, por falta de interesse.

Ao perceber estes indícios, os pais devem procurar ajuda de um especialista, pois só ele poderá dar o diagnóstico. O tratamento do autismo é multidisciplinar (envolvendo psicólogas, psicopedagogos, terapeutas comportamentais, etc) e deve ser iniciado o mais rápido possível, pois o autismo traz uma série de fatores aliados. É importante a união e colaboração de todos que tem contato com a criança autista, principalmente da família, além de muita paciência e amor pela criança durante o processo, que muitas vezes, dependendo do grau do transtorno, é lento.

Respeitar o tempo e o limite da criança é muito importante, mas sem deixar de trabalhar as dificuldades. É importante ensinar a criança autista, que para um relacionamento funcionar, são necessários pequenos gestos de gentileza (contato visual, cumprimentar as pessoas, conversar,etc.). Indivíduos autistas não possuem estas habilidades, mas é algo que pode ser aprendido, apesar de para eles, não ser algo natural e prazeroso.

Apesar de ser um transtorno incurável, as pesquisas mostram que existem muitos autistas que por terem boa assistência durante a infância, cresceram, se desenvolveram muito bem e muitos inclusive apresentaram inteligência superior em certas áreas, se destacando no mercado de trabalho.

O fato de pensar de uma forma muito lógica, faz com que muitos autistas tenham muita facilidade em matemática e em música. Aliás, cada vez mais estudos apontam a música como ferramenta poderosa para desenvolver habilidades, inclusive em crianças autistas. Somos estimulados através dos sons (matéria-prima da música), desde o quinto mês de vida intra-uterina, quando nosso sistema auditivo está apto para receber informações. A música é interessante para a criança desde sempre e isso é maravilhoso, porque a motivação (vontade e interesse em querer aprender o conteúdo) é essencial para a construção da aprendizagem. Os pais dos autistas geralmente recebem orientações, para que estejam atentos aos interesses do seu filho, porque ao descobri-los, poderão utiliza-los como links para desenvolver diversas habilidades. A música é sem dúvida uma destas pontes, que atraem a atenção da criança autista e que é uma facilitadora de aprendizagens. Estudos de ressonância magnética funcional, apontam que a música causa um efeito único em pessoas autistas, principalmente como intervenção terapêutica. A música, quando utilizada de forma adequada, é capaz de relaxar, trazer sensação de bem-estar, o que pode auxiliar de forma natural, no tratamento em conjunto com outras terapias. Outro fato importante, é que pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), apesar de terem grande dificuldade em perceber sentimentos nas expressões faciais, são capazes de perceber sentimentos de alegria e tristeza em uma peça musical, ou seja, os sentimentos de uma peça musical torna-se mais claro para um sujeito com TEA do que a visualização de expressões faciais.

A música tem o poder de ser uma facilitadora de comunicação, mas para que o autista seja realmente beneficiado, com resultados à longo prazo, é necessário que a música seja utilizada de acordo com os interesses da criança, com um professor que realmente conheça as especificidades do transtorno e que saiba utilizar técnicas de musicoterapia (terapia alternativa que utiliza a música como ferramenta para desenvolver habilidades e objetivos pré-estabelecidos no indivíduo). Nas aulas, são utilizadas atividades que promovem um vínculo de respeito e confiança entre o aluno e o professor, que planeja as interações de acordo com a maturação biológica do aluno. O espaço onde as aulas acontecem deve ser seguro, livre de distrações e o material oferecido não deve oferecer qualquer perigo.

Nas aulas de música para autistas, as atividades são diversificadas, com metas bem definidas. Os exercícios são lúdicos, com diversos objetivos, como socializar a criança (através de brincadeiras de roda, brincadeiras em dupla onde o contato visual é estimulado e valorizado), desenvolver sua psicomotricidade (através de jogos psicomotores, pedagógicos, canções utilizando sons do corpo, manuseando instrumentos musicais), a linguagem (através de jogos cênicos, contação e organização de histórias cantadas com figuras associadas, jogos de tabuleiro), dentre outros. Brincando, a criança associa gestos e movimentos a conceitos musicais mais abstratos, aprende regras sociais, aumenta sua expressividade e descobre o mundo de forma agradável. Além disso, descobrimos através das brincadeiras, os interesses e necessidades individuais da criança, o que é de suma importância, pois através destas descobertas, as pessoas que interagem com o autista poderão utilizar estes interesses como temas para desenvolver conteúdos específicos. Exemplo: muitos autistas demonstram interesse por animais, dinossauros, outros preferem carrinhos, trens, etc. O professor geralmente percebe estes interesses e utiliza nas aulas, pois a motivação é essencial para a construção da aprendizagem de diversos conteúdos.

A música é uma arte extremamente acessível a todas as classes sociais. As famílias também podem estimular seus filhos em casa através da música. Existem músicas sobre qualquer tema, para trabalhar diversos conteúdos. É necessário, porém, muita pesquisa, dedicação e muita observação por parte da família em relação à criança, no sentido de descobrir os interesses dela, para fazer com que ela se interesse em interagir com as propostas. Se a criança gosta de pular, procure músicas que estimulem os movimentos corporais. Se a criança demonstra interesse por instrumentos musicais, compre tamborzinhos, clavas, chocalhos e toque com ele, acompanhando diversos estilos musicais. Se ele gosta de brincar com a bola, ligue o som com uma música que ele gosta e brinque de bola com ele olhando nos olhos e toda vez que ele olhar nos seus olhos, comemore com muita animação. Sabemos o quanto é difícil para o autista o contato visual, portanto, devemos criar atividades que estimulem o desenvolvimento desta habilidade.

Brincar com a música, é muito mais do que diversão. É uma linguagem essencial, onde a criança aprende a se expressar melhor e descobrir o mundo. Ela pode ser a ferramenta que fará grande diferença no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança autista. A música está disponível a todos e é muito poderosa. Que tal experimentar?

Autor: Maria de Fátima Braz Menezes

https://drive.google.com/open?id=0BzyjX7Mgk5QWQk4xVURnZEpMNXc
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